Pontos de vista...


Estas linhas serão dedicadas a alguém, que após leitura dos meus “posts” tentou justificar de algum modo – e com todo o direito –, aquilo que era afirmado. Religião, além de ser a tentativa de impormos a nossa visão sobre Deus a outra pessoa, será mais do que ler os Quatros Evangelhos ou interpretá-los segundo certos “dogmas” teológicos criados pela Igreja… assim como, para sabermos a diferença entre o “doce” e o “amargo” deveremos “ter conhecimento” de ambos… deveremos também neste caso especifico, conhecer “o outro lado”, com isenção e coerência… tentar saber por exemplo, porque razão surgiu a “teoria” de que o Quarto Evangelho que é atribuído a João… terá sido escrito sim, por Lázaro…

Com o devido respeito, permita-me considerar o texto como “erudito”, recheado de conhecimento, adornado, mas acima de tudo demasiado retórico.
Por outras palavras e fazendo uso do” trejeito popular”… falou, falou, mas não disse nada. Ou se assim o preferir, divagou pelas “teorias” sem focalizar o “substrato”… evitando deliberadamente posicionar-se entre a forma simbólica e a literal…
Teologicamente convincente – assim como os “dogmas”, criados para não serem questionados –, mas traduzido para linguagem corrente apenas translúcido… sem esclarecer, porque razão não deverá ser procurada a verdade… (só porque a Igreja arranjou um álibi?) Ou porque razão deverá existir conivência com a doutrina… se os alicerces que a sustentam estarão “deformados”?
Justificar teologicamente a ideia do “cânones”, alem de questionável, será para o cidadão comum o mesmo que “folclore”… apesar de hoje, com a descoberta de bastante documentação ser possível entendermos melhor que, nem tudo será assim tão linear…
As minhas afirmações baseiam-se em “obras” publicadas por académicos de méritos reconhecidos e eruditos na matéria… não em “dogmas” ou justificações teológicas… o problema consiste na conjugação do verbo “manter”... na ignorância… [“verita serum”]

* Dizer que Ireneu serviu-se…, (para o cidadão comum, que por sinal nem saberá quem foi o personagem) não justifica a legitimidade em auto proclamar (a ele e aos seus seguidores) “guardiães da verdadeira fé”, rejeitando como heresia todas as outras concepções… [mas o que define essa “verdadeira fé”?... Quem é que a classifica assim e porque razões?]
* … ou a legitimidade com que refuta na sua volumosa obra Libros Quinque Adversus Haereses (Cinco Livros Contra as Heresias) todas as outras “obras” já existente… [o que não só confirma a existência das mesmas, como também serem anteriores aos Evangelhos].

* Falar no Concílio de Niceia… (para o cidadão comum, que por sinal nem saberá que tipo de acontecimento foi) sem esclarecer qual das teorias deveremos ter em conta…
* …se a da “Igreja” – em que é considerada a conversão de Constantino ao cristianismo (?) –,
* …ou se deveremos considerar que em nome da unidade e da conveniência, Constantino consolidou o estatuto á ortodoxia da Igreja… poderemos acrescentar que foi no Concilio de Niceia que se decidiu por votação que Jesus seria um Deus, e não um profeta mortal, ideia que teria sido refutada por Arius (bispo) o presbítero de Alexandria… – e provável causa para a realização do Concílio –, ou seja, por outras palavras, [… a ideia de um Cristo divino é uma interpretação posterior, dos cristãos…]

* O principal defeito dos auto-proclamados “cristãos ortodoxos” foi sempre a certeza das suas atitudes… mesmo que para isso, – e citando o Bispo Clemente de Alexandria (um dos mais venerados entre os primeiros padres da Igreja) –, […pois nem todas as coisas verdadeiras são verdade, nem essa verdade que apenas parece verdadeira de acordo com as opiniões humanas deve ser preferida á verdade verdadeira, a verdade segundo a fé…] –, (trecho de uma carta enviada por Clemente a um tal Teodoro, que se lamentara sobre a interpretação de uma seita gnóstica, sobre certas passagens do Evangelho de Marcos… especificamente sobre a ressurreição de Lázaro, fragmento deliberadamente suprimido do Evangelho e posteriormente encontrado em 1958, juntamente com o a carta em questão).
Este episódio não surge em nenhuma versão existente do Evangelho de Marcos… por ter sido deliberadamente suprimido. Trata-se da ressurreição de Lázaro, descrito no Quarto Evangelho atribuído a João, mas com alterações significativas.

Poderia prosseguir com a (contra)argumentação… justificando assim porque razão prefiro conceder o benefício da dúvida, em vez de acreditar piamente na”verdade” da Igreja…
[…Giordano Bruno, filósofo e astrónomo italiano, em 1600 foi torturado, condenado á morte e queimado vivo pela inquisição, por defender que a Terra não era o centro do Universo e que este era infinito…] móbil do crime: “a verdade da Igreja”
[…Galileu Galilei……………….]

Comentários

Maria João disse…
Bem, já percebi que a mensagem não é para mim. Não vou estar a comentar, aliás acho que já disse o que penso sobre estes assuntos.

Só por curiosidade, para ti quem é Deus?

Gostava de saber a tua opinião sobre Deus. Temos falado tanto, mas ainda não se falou especificamente disto.

Sou bastante curiosa! Para o bem e para o mal! Eh! Eh!

Um abraço,
MJ
Demo disse…
MJ
Já tinha respondido no post anterior... mas com uma colagem faço-o aqui novamente...

Como prometi...cumprirei.
Responder-te-ei brevemente... mas permite-me mais algum tempo...
Quanto ao meu "Deus" será provavelmente o mesmo que o teu... a diferença estará em que para manter uma relação com o "Divino"... não precisarei de intermediários...
E desde que me conheço, pensei sempre pela minha cabeça, concedendo sempre por razões de humildade e coerência, o beneficio da dúvida a todos quantos possam argumentar... (o que não será conveniente para a Igreja)
Saudações
Maria João disse…
OK. Fico à espera.


Um abraço
Sandra Dantas disse…
Antes de mais, é uma honra ter um post dedicado a mim, obrigado!
O facto dos Evangelhos serem 4 não é um "dogma imposto pela Igreja". Mas, ao contrário do que dizes, é o ponto de chegada de uma procura da verdade feita pelos cristãos. O que não quer dizer que se negue a existência de outros evangelhos. Os Cristãos sempre tiveram conhecimento dos Evangelhos Apócrifos e nunca foram proibidos de os ler.
A Igreja não arranjou nenhum àlibi e sempre procurou a verdade. A documentação que dizes ter sido descoberta hoje já é do conhecimento da Igreja há muito tempo e nunca se iludiu ninguém dizendo não existir.
Quem são esses académicos de mérito reconhecidos e eruditos de quem falas? Reconhecidos por quem? Por ti? Sim, porque as minhas afirmações também são baseadas em académicos de mérito reconhecido.
A ideia de um Cristo divino não é uma interpretação posterior dos Cristãos, mas é algo em que os primeiros cristãos já acreditavam e só mais tarde foi consolidado, aliás, como todas as coisas na Igreja, partem de uma vivência, mais tarde reconhecida.
É claro que é muito mais fácil recusar algo do que tentar perceber e confrontar as ideias. Porque, pelos vistos, o que desejas é pôr tudo em causa simplesmente tendo em conta o teu ponto de vista e esquecendo todos os outros, ou melhor, sem sequer os conhecer bem.
A fé da Igreja ou a "verdade" da Igreja, como tu lhe chamas, não é algo que nasce de meras opiniões, mas parte de uma vivência da fé e faz chegar a um consenso, tornando-se assim fé da Igreja! A sua autoridade vem do facto de ser uma fé eclesial e não uma mera opinião.
Achei muito interessante o último parágrafo do teu post, bem se vê a tua falta de argumentos!!! Isso aconteceu verdadeiramente, sim. Como todas as instituições humanas também a Igreja, que tanto atacas, cometeu erros ao longo da sua história. É por causa desses erros que vais dizer que tudo nela está errado??? Por acaso já viste a quantidade de obras boas que a Igreja tem realizado ao longo dos séculos? É claro que não, não te interessam!!!
Ha, e já agora, dizes várias vezes "o cidadão comum", eu estava a "falar" concretamente para ti, se há alguma coisa que não compreendas é só perguntar!
Se procuras a verdade, como dás a entender, procura sem ideias pré-concebidas, só assim a poderás encontrar!
Um abraço, fica bem!!!
DTS disse…
"E pera onde vai este batel?
Vai pera ilha infernal."
Perdoa-me a citação de cor do escritor Gil Vicente, mas achei conveniente pô-la.
É a pergunta que se me pôs: para onde caminha este blog?
Permite-me que comente este teu post, sem lhe dar grande notabilidade, no entanto. Não o verás no meu blog.
1º Os evangelhos canónicos são os que constam na Bíblia. Foram escritos por quatro evangelistas: S.Marcos, S.Lucas, S.Mateus e S.João. Os evangelhos foram escritos logo após a morte de Jesus, entre o ano 60 e 100 (Jesus morreu em 31-33).

2º Escolha dos evangelhos e diferenças:
Existem vários tipos de evangelhos:-os Sínópticos (MATEUS; MARCOS; LUCAS) que se dispostos (na língua original) em colunas coincidem uns com os outros em factos e pormenores. Foram escritos entre 60 e 100 d.C.
-o evangelho de João, caso especial. foi utilizado pelo movimento gnóstico, depois de manipulado. É o evangelho teológico por excelência, pois inclui discursos e actos divinos de Jesus.
-os Apócrifos, tidos como falsos (evangelho dos hebreus, evangelho dos ebionitas, evangelho de pedro, evangelho de tomé e proto-evangelho de tiago.) Eram histórias populares sobre a vida de Jesus.

Critérios de escolha dos evangelhos canónicos:
1. Critério apostólico: verifica-se se o autor era testemunha ocular de Jesus e/ou teve um papel importante no meio dos discípulos.
2. Critério literário: verifica-se se o evangelho contém palavras e factos históricos da vida de Jesus, e não apenas palavras ou factos não provados.
3. Critério litúrgico: verifica-se se o evangelho é acolhido pelo povo no seu uso na liturgia da Igreja Universal.

(nota da bíblia à cerca dos evangelhos canónicos: Os Evangelhos transmitem-nos factos históricos, mas não de maneira fria e isenta, à maneira da historiografia moderna; os factos e as palavras de Jesus são coloridos pela experiência das primeiras comunidades da primeira geração cristã, que vai dos anos 39 a 70.)

o Cânone foi estabelecido no sec.II (penso que pelo Papa Agapito)

3º Autores dos evangelhos:
Os Evangelhos segundo S.Marcos e segundo S.João são atribuidos aos devidos apóstolos. O Evangelho segundo S.Lucas é atribuído a Lucas, acompanhante de S.Paulo nas suas viagens apostólicas, que tomou conhecimento de Jesus através deste, nas suas cartas, e procurou saber mais. O Evangelho segundo S.Marcos é atribuído a Marcos, companheiro de Pedro, primeiro Papa [ mesmo que não aceites que ele tenha sido Papa, ele foi Apóstolo], logo será posta em causa a sua veracidade, sendo Pedro apóstolo?

4º Períodos da difusão cristã:

1ºperíodo: anuncio oral da mensagem de Jesus por este, ao povo, aos apóstolos e aos discípulos.
2º período: o Espírito Santo revela-se aos apóstolos, no Pentecostes, e estes tomam coragem para anunciar o Reino dos Céus. Não se preocupam em escrever pois sentem que a difusão deve ser urgente. (ano 30 a 70)
3º período: vivido pelas testemunhas oculares de Jesus, não apóstolos. Juntam-se os factos sobre Jesus e escrevem-se os evangelhos.

Os quatro evangelhos são diferentes devidos às necessidades teologicas de cada comunidade cristã específica.
Podem dizer-se credíveis por outro facto: apresentam a genealogia de Jesus.

---

Acusas toda a gente de utilizar a retórica. Pergunto-me se alguma vez estudaste o que é...
Retórica é falar, falar, fazendo com que as pessoas entendam o que nós queremos dizer.
De resto, penso que a Irmã Sandra já se explicou.
Envio à ilha dos condenados os meus cumprimentos,
Diogo Teixeira Santos
Demo disse…
Diogo

Correndo o risco de me repetir, permite-me sugerir que a tua argumentação – apesar dos conhecimentos demonstrados –, não primará pela “isenção”… transmitirá apenas o permitido pela Igreja… (terás que rever e diversificar hábitos de leitura).
Esgrimir linhas de pensamento sobre factos religiosos, requer além de isenção, alguma dose de coerência, de modo a impedirmos que a fé se sobreponha á razão… bem como proceder á distinção entre “doutrina” e “história”… conceitos e preconceitos.

A escolha de apenas Quatro Evangelhos (canónicos, porque são autorizados pela Igreja) – existem mais (apócrifos, porque não são autorizados pela Igreja) –, terá sido por conveniência, e mesmo assim terão sido sujeitos a revisões, alterações, edições e censuras bastante drásticas. Quanto aos “Evangelistas”, existe uma teoria sobre o de João… (“…especula-se” que João terá sido Lázaro…”)
Além de que hoje, vários religiosos inclusive, discutem a possibilidade dos Quatro Evangelhos terem sido extraídos do Evangelho de Tomé, compilado 60 anos antes…]
[…Tudo isto, encontra-se publicado…será uma questão de consulta…e acima de tudo de “querer”…]

Tudo isto poderá parecer heresia – pelo menos na versão da Igreja –, mas tenta ver as “novidades” da seguinte maneira…
{…Quando Nicolau Copérnico, um clérigo polaco (cónego), publicou em 1543 a Teoria Heliocêntrica, (explicativa do movimento dos planetas) a Igreja incluiu esta obra na sua lista de livros proibidos. […A negação da imobilidade da Terra opunha-se aos relatos bíblicos sobre a origem do mundo… acreditava-se que a Terra era o corpo celeste mais importante do Universo e o Homem o ser mais perfeito, como tal ocuparia um lugar privilegiado – o centro…] Posteriormente terá sido Galileu Galilei……………}
Hoje, as descobertas de novos documentos e estudos mais profundos e comparados poderão criar este tipo de surpresas e consequente indignação…

Permite-me apenas discordar da “…nota da bíblia acerca dos evangelhos canónicos: …”
[… muitos dos primeiros seguidores de Cristo, foram condenados como hereges por outros cristãos… mas quase tudo quanto deles sabemos, proveio dos ataques redigidos pelos seus oponentes…]

[…ilha dos condenados…] Condenado estará aquele que privilegiar a ignorância… ignorar a história, será “refutar” o futuro…

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